quarta-feira, 14 de setembro de 2011

[Parte 14] Passado Londrino - Segredos Revelados

  Ruby não sentia vontade nem forças para lutar. Ela ainda juntava em sua mente todos os acontecimentos daquele dia. Tudo parecia ter acontecido de forma tão explosiva. Ela via em sua mente o passeio tão feliz e romântico que tivera com Oliver. A tarde no parque havia sido mágica, porém, tudo aquilo tinha sido uma grande mentira, ela fora usada por vingança.

- Oliver, o que você pretende com isso? Você vai me matar?
- Minha linda e doce Ruby. Sinto por ter envolvido você nisso tudo, mas você é o único meio que fará seu pai confessar o crime que cometeu.
- Ele é inocente! Ele jamais mataria alguém. - Ruby continuava a chorar.
- Nisso você está errada. Ele matou o meu pai! Matou para ficar com a empresa, ter dinheiro! Um egoísta! - Gritou Oliver.
- Egoísta?! Você está cego, descontrolado! Você está fazendo uma grande besteira! Será preso, por nada! Lamento ter conhecido você!
- Sinto muito, mas agora é tarde. E seu pai tem que pagar pelo que fez. E saiba que não me arrependo de te conhecer, apenas de ser filha dela.

  Aquilo havia entristecido Oliver. Ele sabia que estava fazendo uma coisa horrível, estava magoando Ruby, a pessoa que ele mais amava. Entretanto, como ele havia falado, "Agora é tarde!", não tinha mais volta. Mesmo com o coração apertado, ele faria o que fosse necessário para obter a confissão do sr. Simons.
  A noite ia se arrastando devagar. Em algum lugar perto da Torre, o sr. Simons dirigia seu carro em alta velocidade, ele queria chegar logo na Torre e acabar com tudo, queria salvar sua filha, salvá-la de um maluco. Ele sabia que o momento da verdade havia chegado. Não poderia mais mentir, não nessas condições.
  Tudo que Oliver queria saber, as respostas que buscava, todas as conclusões feitas, os argumentos arranjados, os documentos roubados, tudo seria esclarecido. Por mais que doesse pensar e ter que relembrar, e mais doloroso contar tudo aquilo para Oliver, na frente de Ruby, ele teria que fazer. Mais algumas ruas à frente, alguns minutos, e logo ele chegaria à Torre.
 E não demorou. Logo o sr. Simons se deparou com a entrada da Torre. Estacionou seu carro em algum lugar e andando o mais rápido que suas pernas aguentavam, entrou na torre, ligando em seguida para Oliver.


- Onde vocês estão? Cadê minha filha? - Perguntou o sr. Simons aflito.
- Ela está comigo no alto da torre. Suba e entre na única porta que estiver aberta. - Oliver desligou em seguindo.


  Logo o sr. Simons começou a subir a escada de pedra de calcário. Enquanto isso, Oliver ainda agarrando Ruby pela cintura, foi até a porta, destrancou e abriu. A subida era difícil para sua idade, mas o sr. Simons conseguiu, e assim que chegou ao topo, viu uma porta aberta. Ele caminhou até lá.
  Em meio a pouca luz que havia no lugar, o sr. Simons viu as silhuetas de Ruby e Oliver agarrado à ela. A visão era ainda mais assustadora quando ele notou atrás do casal a porta que estava aberta, vendo dali o céu de Londres.


- Oliver, por favor, solte-a. Ela não lhe fez nada. - Pediu o sr. Simons.
- Acalme-se, não irei fazer nada. Não ainda. - E Oliver soltou uma leve gargalhada. - E não se aproxime, ou então irei andar mais um pouco para trás. E Ruby virá comigo.
- Não! Não farei isso. Diga o que você quer! - Falou o sr. Simons.
- Simples! Quero a verdade! Quero sua confissão! Confesse que matou meu pai! - Esbravejou Oliver.
- Eu não matei Leonard! - Gritou o sr. Simons. - Não o matei! Mas afinal, isto não é o que você quer ouvir. Então, acalme-se, que eu irei lhe contar toda a história.
- Não me venha com suas mentiras! Quero apenas que confesse! Não tente me enganar! - Retrucou Oliver.
- Não matei ele, mas se lhe satisfaz, eu poderia sim ter feito isso, aliás, eu deveria! Seu pai foi um idiota, mas salvou todos nós. Isto é a verdade.
- Você está tentando me confundir! Você o matou! Isto é o que me importa! - Gritava Oliver.
- Não o matei, e irei contar o que aconteceu! - O sr. Simons agora tinha uma autoridade na voz, que Oliver não ousou contrariar.
- Conte sua história, mas seja sincero, pois em caso falso, será tarde para Ruby. - Informou Oliver.
- Não irei mentir, você mesmo leu documentos que irão confirmar tudo que irei falar. - Mesmo temendo uma atitude brusca de Oliver, o sr. Simons concordou, e começou a falar.


"Após a saída do Frederic, seu pai era o maior acionista e com isso foi a pessoa que mais sofreu quando começaram as crises na empresa. Mas ninguém imaginaria que tudo era culpa de Leonard. Sim, culpa dele, pois o caixa da empresa não rendia, não dava lucro, devia e não pagava. Tudo porque ele estava fazendo retiradas absurdas."
  
  Oliver fez menção em interromper, mas o sr. Simons balançou a cabeça e prosseguiu.


"Eu entendo, isto parece um absurdo ainda maior. Imaginar que um dos fundadores, naquele momento o maior acionista, poderia fazer algo que levaria a empresa à falência, era uma coisa inacreditável. Mas você pode ver nos documentos que roubou as notas que seu pai fez, não viu? (Oliver confirmou com um aceno).
  Quando eu descobri, fui falar com ele, queria explicações. No começo, Leonard não quis falar, fugia sempre do assunto, dizia que a crise era normal em toda empresa e que ele daria um jeito, mas algum tempo depois, a crise era grave demais, ele não conseguia mais controlar, as retiradas também não poderiam mais ser feitas. Então, ele veio até mim com a proposta mais ofensiva. Ele queria comprar minha parte. Não acreditei naquilo. A empresa falindo, e mesmo assim, ele queria minha parte. Quis saber o porquê, e ele me confessou que iria vender a empresa. Eu jamais aceitaria aquilo, mesmo que isto custasse a própria empresa. E ele sabia disso, mas achou que era única saída. Até que um dia, não suportei mais, e fui falar com ele, dizer que o culpado daquilo tudo era ele. E para minha surpresa, o encontrei chorando, agarrado com uma foto da esposa. Nesse momento, ele conseguiu coragem, me contando o motivo que o levou a fazer tudo aquilo."

  Os olhos do sr. Simons estavam cheios de lágrimas, era notável sua emoção. Mas Oliver não aliviou.

- Continue. Sua "história" é muito interessante. Meu pai, um ladrão, roubando a própria empresa, isso não lhe dava o direito de matá-lo. - Falou Oliver.
- Verdade, isto não me dava o direito de matá-lo. Por isso não o matei. - O sr. Simons retrucou, prosseguindo com a história.

"Leonard me contou que Liz continuava doente, cada vez seu caso estava pior, até que ele reencontrou uma amiga, seu nome era Alicia Beemont. Ela era médica, e falou ao seu pai que poderia ajudar no caso de Liz. Porém, ela teria que fazer pesquisas, e isto custaria caro. Ele aceitou. Este fora o motivo que o levou a fazer retiradas absurdas da empresa. O amor dele por sua mãe."

  Oliver recordava dos documentos, o nome de Alicia em notas, valores altos em seu nome. O sr. Simons não teria tido tempo para pensar naquela história. Então, seria mesmo verdade?, O sr. Simons continuou.

"Eu senti a mesma dor que seu pai sentia, perder a empresa ou a esposa. Mas no fim, ele teria que perder os dois. Junto com toda a história, ele me veio com a única saída que ele tinha. Seu pai teria que morrer." 
  A primeira lágrima escorreu dos olhos do sr. Simons.


segunda-feira, 12 de setembro de 2011

[Parte 13] Passado Londrino - A Dama e A Torre

  Já era noite quando o sr. Simons escutou seu celular tocar. Ele estava em seu carro, voltando para casa, depois de um dia longo e turbulento. Ele ainda lembrava-se da acusação de Oliver. Enfim, o dia havia terminado. Pegando o celular, ele atendeu. Em segundos ele emudeceu.
  Sua filha Ruby era quem ligava, porém ela estava chorando, desesperada.

- Ruby, o que está acontecendo? - Perguntou em desespero o sr. Simons.
- Pai, estou com o Oliver. Ele disse que irá se vingar. Pai por favor, me ajuda! - Ela chorava e soluçava.
- Onde você está?! Ruby!
- Olá Vincent! - Quem falava agora era Oliver.
- O que você fez? O que você quer com ela?! Deixe-a livre! - Ordenou o sr. Simons.
- Pode até ser que isso aconteça. Venha nos encontrar, ouça o sino. Estamos na torre. E venha sozinho, se quiser que tudo acabe bem. - Oliver falou, desligando o celular em seguida.

  O sr. Simons sabia para onde deveria ir. A Torre do Big Ben. Era o lugar favorito de Ruby. Desde pequena, sempre que ela passava por ali, seus olhos brilhavam. Ele temia que Oliver fizesse algum mal para ela. Mas como ele havia encontrado Ruby? E como ele sabia que ela era sua filha?
  Pegando o primeiro retorno, mudando assim de percurso, o sr. Simons dirigia-se com pressa para a torre.

  Cinco Horas Antes

  Cruzando o hall de entrada da empresa, Oliver avistou Ruby. Logo ele caminhou até ela.

- Ruby! Que bom te encontrar! - Ele exibiu um enorme sorriso para ela.
- Oi Oliver! Não esperava te encontrar aqui. - Ela falou surpresa.
- Eu sei, também não esperava te encontrar. Que tal irmos almoçar juntos? 
- Pode ser, mas vou falar com meu pai.
- Ah! Depois você fala, assim posso pagar o café que fiquei te devendo. Por favor?
- Está bem Oliver. Vamos, depois eu falo com ele. - Ela sorriu, cedendo sua vontade.

  Ter encontrado Ruby ali tinha sido a melhor coisa para Oliver. Ele agora tinha algo, ou melhor, alguém, que poderia ajudá-lo a obter a confissão do sr. Simons, mesmo que fosse involuntariamente.
  Ele precisava ganhar tempo com ela, pensar no que poderia fazer. E como atrair o sr. Simons. Ele passou o almoço conversando com Ruby. Falou sobre os assuntos mais diversos, sempre tentando entrar no passado da família.
  Ela era filha única, sempre muito apegada ao pai. Ela seria o ponto fraco dele. E o sr. Simons faria qualquer coisa para protegê-la.
  Oliver conseguiu convencê-la a passar toda a tarde com ele, caminharam por lojas, livrarias, ruas e parques. Aproveitaram o sol de outono sentados em um banco em frente à um lago. E ao anoitecer, Oliver quis fazer um último passei, porém que fosse especial para Ruby. Queria ir ao lugar favorito dela, onde ela gostava de ir quando estava com o pai. Ela disse para ele que adorava a Torre do Big Ben, e foi para lá que eles foram. Ela mal sabia que estava traçando um terrível destino, no lugar onde ela mais gostava de estar.
  Eles conseguiram entrar na torre, a sorte parecia a favor dele. E subiram até o topo. A vista era perfeita, e o tempo passou, deixando-os às sós. Era o momento perfeito para Oliver. Ele caminhou em direção da porta e trancou-a. E sem mais esperar, ele falou para ela: "Seu pai matou o meu. E agora irei me vingar. Ligue para ele".
  Ruby ficou imaginando se aquilo seria uma brincadeira. Seria de péssimo gosto, mas seria melhor que fosse brincadeira.
  
- Oliver, não tem graça. Abra a porta. Quero ir embora agora.
- Não é brincadeira. Ligue para ele, agora! - Ele falou ferozmente.
- Abra a porta! Não acho graça nisso! Irei gritar! - O desespero começava a tomar conta dela.
- Pode gritar, ninguém irá te ouvir. Estamos sós, em uma torre. Você não tem saída! Ligue!

  Começando a chorar ela pegou o celular e ligou para o pai. Minutos depois, Oliver tomava o celular das mãos dela, e a apertava pela cintura. Ruby agora estava presa. Não haveria saída. Oliver sabia que não poderia mais desistir. O fim de tudo estava cada vez mais próximo.

domingo, 11 de setembro de 2011

[Resumo Semanal] - Passado Londrino - [Partes: 10, 11 e 12]

  Oliver ficou cara-a-cara com o sr. Simons. E ele começou a contar a história sobre a fundação da empresa. 
  Oliver já sabia de algumas coisas e quis que o sr. Simons falassa algo de interesse. Sendo assim, ele comentou sobre as finanças da empresa, falou também sobre a compra da parte do sr. Leroy pelo pai dele.
  O sr. Simons ficou desconfiado por Oliver saber tantas coisas assim, mesmo que isso não fosse lá tão importante. Vincent explicou o motivo que fez o sr. Leroy vender a parte dele, e o porque do pai de Oliver comprar. Explicou também o motivo que o fez negar vender sua parte para o sr. Weitch.
  Oliver não se contentou com isso e tentou obter mais informações sobre as finanças, pois seu pai tentou comprar a parte do sr. Simons com a empresa quase falindo.
  O sr. Simons acusou o sr. Weitch de desvio, afirmando que este era o motivo da empresa estar tão mal. Disse que o motivo do sr. Weitch querer comprar a parte dele ela para poder vender a empresa, coisa que o sr. Simons não iria permitir.
  Oliver não sabia mais como agir naquela situação. Porém, ainda insistindo, perguntou como o sr. Simons conseguiu salvar a empresa, logo após a morte de seu pai. Entratanto, ele não quis responder. Pedindo para que Oliver se retirasse.
  Oliver ficou decepcionado, não obtivera as respostas que ele tanto queria.
  Após sair da sala, Oliver lembrou dos arquivos guardados em sua mochila, decidindo assim ir para casa para poder lê-los.  
  Mesmo com incerteza, Oliver leu os documentos. Não eram de muita importância, pois a maioria era sobre dados pessoais. Nos documentos sobre o pai, Oliver encontrou notas que comprovavam as retiradas da empresa, entretanto, Oliver ficou intrigado pelo fato de algumas notas estarem em nome de uma mulher. Ele imaginou se seria uma amante de seu pai.
  Sobre Vincent Simons, Oliver descobriu que ele tinha recebido um alto valor em nome da empresa. Olhando os extratos bancários, Oliver viu que ele recebera o valor de uma apólice de seguros. Nesse mesmo instante, ele lembrou ter visto um documento de uma seguradora junto aos documentos do pai.
  Voltando para a outra pilha de documentos, Oliver achou o tal documento e constatou que era uma apólice de seguro em nome da empresa, para o caso do pai vir a falecer. Este poderia ter sido o motivo do assassinato.
  Sem muito pensar, ele foi para a empresa, encontrar o sr. Simons.
  Já na empresa, Oliver invadiu a sala do sr. Simons, chamando assim a atenção também do supervisor. Na sala, Oliver perguntou sobre a apólice ao sr. Simons, mas ele ficou espantado com Oliver saber disto. E não gostou que ele andasse fuçando nos documentos da empresa. Eles discutiram, e Oliver não obteve nenhuma resposta.
  Oliver sabia que os documentos que tinha não seriam de grande ajuda, ele precisa de uma confissão do sr. Simons, mas isso não seria fácil.
  Ao se aproximar da saída, Oliver encontrou Ruby, sua namorada, e algo sombrio passou por sua cabeça.
  
[13ª Parte] - Passado Londrino -  Segunda, 12/09 às 18h.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

[Parte 12] Passado Londrino - Última Chance

  No caminho, Oliver foi pensando em tudo, juntando cada pedaço, ligando cada fato. Tudo agora se encaixava. Ele tinha descoberto o motivo, a grande chave pela qual o sr. Simons teria assassinado o sr. Weitch. Logo Oliver estaria de frente ao homem que matou o pai dele.
  Com sua cabeça parecendo ter um turbilhão dentro, ele logo chegou à empresa. Pegou o elevador e apertou o botão do sétimo andar. Alguns minutos depois, o elevador chegou ao sétimo andar e ao abrir dar portas, Oliver saiu, esbarrando no supervisor.

- Oliver?! O que você faz aqui? Não é seu dia de estágio. - Falou Paul.
- Eu sei, vim ver o sr. Simons. Preciso falar com ele.
- Não acho que seja uma boa hora. Ele acabou de sair de uma reunião, deve estar cansado. - Explicou Paul.
- Mas preciso perguntar algo a ele. - Oliver tinha uma expressão série em seu rosto.
- Calma. Aconteceu alguma coisa? Você está bem?
- Estou bem. Só preciso falar com ele.
- Certo, vou perguntar se ele pode lhe receber. Espere aqui Oliver. 

  O supervisor dirigiu-se até a mesa da secretária, pegou o telefone e começou a falar. Parecia que ele tentava explicar algo. Talvez que Oliver estava nervoso e que queria muito falar com o sr. Simons. Oliver não aguentava mais ficar esperando ali. Sem querer esperar mais, ele começou a andar em direção à porta da sala. Sem aviso, sem permissão, apenas com vontade, Oliver entrou na sala. E ali sentado estava o sr. Simons, ainda falando ao telefone com o supervisor.

- Oliver! - Falou em tom firme o supervisor, que agora também estava dentro da sala. - Mandei você esperar lá fora.
- Não aguentava mais esperar ali. Preciso falar com o sr. Simons. - Oliver falava com certo tom áspero.
- Agora você pode falar, estou aqui. O que é tão importante a ponto de fazer você invadir minha sala? - Perguntou o sr. Simons, agora em pé.
- Quero que o senhor me fale sobre a apólice de seguro que meu pai fez em nome da empresa. A mesma apólice que você recebeu após a morte dele, evitando a falência da sua empresa! - A fúria de Oliver era evidente a cada palavra que ele falava.
- Como você soube disso garoto?! - O sr. Simons demonstrava espanto pelo que Oliver sabia. - Você andou fuçando nos documentos da empresa? Você não tem o direito de investigar nada desta empresa que não caiba respeito às suas funções!
- Esta empresa também foi do meu pai! E são documentos dele! Agora me responda! Foi por isso que você o matou? Por causa do seguro? Porque não queria vendar a empresa e ela estava falindo?
- Que história é essa Oliver?! - Perguntou o supervisor, confuso com toda aquela história.
- Que petulância! Seu pai era como um irmão para mim. Jamais seria capaz de matá-lo por causa de dinheiro! Já chega! Mesmo sendo filho de Leonard, você não é bem vindo mais aqui. Por favor, saia já desta empresa. - O sr. Simons estava em nervos.
- Isso não ficará assim. Você matou o meu pai. - Oliver falou antes de sair da sala.
- Sr. Simons, o senhor está bem? - Perguntou Paul, o supervisor.
- Saia Paul, me deixe só. Preciso descansar. Aquele garoto foi longe demais. - E voltou a sentar-se o sr. Simons.

  Mesmo sem a confissão do sr. Simons, mesmo que a conversa tenha sido uma breve discussão, Oliver sabia que o assassino era o sr. Simons. Não tinha mais dúvidas. Ele havia ficado nervoso quando Oliver mencionou o seguro. Enquanto Oliver descia o prédio, ia pensando no que fazer. Ele estava muito nervoso. 
  Descontrolado, essa seria a palavra certa para o estado de Oliver naquele momento. Como estudante de direito, ele sabia que para abrir um caso antigo seria uma burocracia enorme. Além do mais, as "provas" que ele possuía eram circunstanciais, nada provava de fato o envolvimento do sr. Simons com a morte de Leonard. Isto apenas levaria a uma investigação, que poderia durar algum tempo. Isso era frustrante. Somente uma confissão do sr. Simons seria essencial para o caso.
  Ao sair do elevador, já caminhando pelo hall de entrada do prédio, Oliver avistou Ruby, e algo sombrio passou por sua cabeça.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

[Parte 11] Passado Londrino - Mentira, Motivo, Ação

  Oliver nem sabia ao certo se queria mesmo ler os arquivos. Todas as informações que ele tinha, as coias que o sr. Simons falou. Era uma verdadeira confusão, talvez aqueles arquivos só fizessem aumentar ainda mais sua confusão. Porém, poderia ser que aquilo ajudasse, ao menos, a aliviar sua cabeça. Então, ele decidiu-se por ler os arquivos.
  Pegando primeiro os arquivos sobre o pai, ele começou rapidamente a lê-los. As informações contidas ali não eram tão relevantes, eram mais informações pessoais. Somente nos últimos arquivos foi que Oliver encontrou algo interessante. Eram notas que comprovavam as retiradas da empresa pelo pai. O sr. Simons não havia mentido sobre aquilo. Mas qual o motivo para isto? Oliver não tinha a resposta. Entretanto, ele encontrou algumas notas em nome de uma mulher, chamada Alicia Beemot. Já estava tarde e ele estava muito cansado. Com os olhos cerrados, largou os arquivos em cima da mesa e foi se deitar.
  Assim que ele levantou no dia seguinte, foi logo terminar de ler os documentos. Ao ler novamente as notas de desvio, as quantias que eram transferidas, Oliver começou a imaginar se seu pai estaria tendo um caso com essa tal de Alicia. Seria possível que seu pai estivesse traindo sua mãe, e ainda comprometendo a estabilidade da empresa? As conclusões ficariam por conta de Oliver, pois estas foram todas as informações que continham naqueles documentos. Agora seria a vez de ler sobre Vincent Simons.
  Igualmente aos documentos sobre o pai, Oliver notou que a maioria dos documentos era de caráter pessoal, sem muito interesse. Mesmo sem nenhum interesse, Oliver continuou a olhar os documentos. A princípio não eram de nenhum valor para todo aquele motim que Oliver estava causando. Porém, Oliver conseguiu notar em extratos bancários, que o sr. Simons, em nome da empresa, havia recebido uma quantia significativa. Como isto era intrigante. Do nada, um homem recebe uma quantia enorme, porém em nome da empresa onde trabalhava. Oliver agora queria saber o porquê disto. Lendo cautelosamente cada linha dos extratos, ele notou que o valor vinha de uma apólice de seguro. Esta tinha sido a salvação que a empresa precisou quando beirou à falência. Oliver só não conseguia juntar e ligar os fatos. Como uma apólice de seguro tinha sido ativada, fazendo o sr. Simons receber uma quantia que salvou sua empresa da falência? Ele precisava saber de onde surgiu a apólice. Ele começou a olhar novamente folha por folha, mas não havia nada sobre uma apólice nos documentos do sr. Simons. Este documento poderia estar na empresa, já que era sobre a empresa, deste modo, Oliver não teria como saber, ele ainda lembrava a quantidade de documentos que havia naquela pequena sala. Não desistindo, ele recomeçou a folhear os documentos, parando de repente. Estático.
  Ele havia lembrado algo.
  Nos arquivos do pai, ele havia visto de relance um documento que parecia de uma empresa de seguros, poderia ser uma apólice. Mas ele não tinha visto direito, pois não julgou tão importante e já estava tão cansado de ver documentos que não fazia diferença. Mas aquilo poderia sim fazer diferença, principalmente se estivesse ligada ao sr. Simons e a empresa.

  Voltando-se para os outros documentos, ele começou a folhear rapidamente, até encontrar o documento que havia visto. Era mesmo de uma empresa de seguros. Ele olhou atentamente cada detalhe.
  A apólice foi feita no ano de 1983, após a saída do sr. Leroy. Nas condições, a apólice cobria a empresa, na causa da morte do sr. Weitch. O valor da apólice era exatamente aquele que tinha salvado a empresa da falência. Ao fim da apólice, estavam as assinaturas do seu pai, do sr. Simons e da sra. Beemont.
  Oliver havia enfim encontrado uma resposta para muitas de suas perguntas.
  Sem raciocinar direito, ele levantou-se, pegou o casaco, os documentos e saiu em direção à porta. Seu próximo destino seria ir à empresa, encontrar o sr. Simons.


segunda-feira, 5 de setembro de 2011

[Parte 10] Passado Londrino - Cartas Na Mesa

- Oh, não, por favor, me chame apenas de Vincent. Sr. Simons me deixa um pouco mais velho. - Sorriu Vincent. - Percebi pelo seu olhar que não foi uma surpresa falar do seu pai. Pois bem, eu, seu pai e o Frederic éramos bons amigos. Seu pai sempre foi o mais perspicaz, Frederic era o impulsivo, tinha um gênio aventureiro, já eu era o que mais mantinha os pés no chão. Então, em um belo ano decidimos juntar nossas economias e abrir esta empresa. No começo, estávamos indo bem, a empresa estava crescendo, porém poucos anos depois, Frederic quis vender sua parte, argumentou que precisa aproveitar sua juventude, ele era o mais jovem de nós. Nós havíamos feito um acordo, de manter a empresa apenas sobre o domínio de nós três, então eu e seu pai teríamos que comprar a parte de Frederic, porém eu não tinha condições de arcar, todas as minhas economias tinham sido investidas no capital inicial, então seu pai decidiu comprar sozinho, ficando assim com as duas partes.
- Sim, entendo. Bem, disso eu já sabia Vincent. Sei também que depois disso, a empresa entrou em crise. E meu pai ficou em péssima situação, por ter uma parte tão grande da empresa. A empresa enfrentou um mau tempo, digamos que durou um bom tempo esta crise. Até a sua morte. Porém, depois disso, a empresa se recuperou muito rapidamente. Como isso aconteceu? - Perguntou Oliver.
- Vejo que você realmente sabe um bom pedaço da história, só não vejo como. Seu pai nunca falou disso com sua mãe.
- Eu encontrei arquivos do meu pai, e os li. Por isso sei algumas coisas, mas não entendi o motivo da crise ter passado após a morte dele. - Continuou Oliver.
- Se você quer realmente saber, eu posso sim lhe contar. Mas afirmo que isto pode não ser o que você queria ouvir. - Em tom seco, Vincent continuou. - A crise começou alguns anos após a compra da parte do Frederic, e a verdade que foi descoberta era desagradável. Seu pai estava desviando partes das finanças da empresa, causando quase a falência da mesma, prejudicando assim, eu e ele.
- Você está dizendo que meu pai foi quem quase levou esta empresa à falência?! Disse que ele estava fazendo desvios?
- Isso mesmo garoto. Nos tais arquivos que você leu não tinha isso mencionado, pois decidimos deixar isso somente entre mim e ele, eu não quis comunicar isso a mais ninguém, pois éramos amigos.
- E como ele queria comprar sua parte, se a empresa estava em péssimas condições? E porque o senhor não quis vendê-la? - Oliver estava se perdendo na conversa.
- Ele quis comprar minha parte para vender toda a empresa, assim ele não teria mais a dívida pra quitar, porém, essa empresa era tudo o que eu tinha, anos trabalhando como escravo, e naquele momento eu tinha algo meu, se eu vendesse, não conseguiria me manter, nem manter minha família. Eu não poderia vender o meu sonho. Por isso me neguei. - Os olhos de Vincent estavam enchendo-se de lágrimas.

  Oliver não sabia mais o que falar diante daquela situação. Tudo estava tão confuso em sua mente. Seu pai quase arruinou a própria empresa, e também a vida daquele homem. Mas isso não justificaria sua morte. Ou justificaria? O sr. Simons seria capaz de fazer qualquer coisa para não vender sua parte?

- Me desculpe sr. Simons, não quero mais incomodá-lo. Queria apenas saber como o senhor conseguiu salvar a empresa depois que meu pai morreu. - Oliver fez a pergunta meio sem jeito.
- Compreendo seu interesse, mas peço que você volte outro dia. Não quero mais remexer nesse assunto. Por favor, em outra ocasião, quem sabe, eu poderei responder sua pergunta.

  Oliver sentiu-se frustrado por não ter sua pergunta respondida, mas concordou. Agradeceu pela conversa do sr. Simons e se retirou da sala. Porém, toda aquela conversa havia deixado Oliver mais perdido em seus pensamentos. Ele não sabia o que pensar a respeito de Vincent, e nem do seu próprio pai. Por que seu pai estaria desviando dinheiro da empresa? Não fazia sentido.
  Ele se lembrou dos arquivos guardados em sua mochila, arquivos sobre seu pai e também sobre Vincent. Pegando sua mochila, Oliver decidiu ir para casa.


domingo, 4 de setembro de 2011

[Resumo Semanal] - Passado Londrino - [Partes: 7, 8 e 9]


  Oliver suspeita cada vez mais que o sr. Simons é o culpado pelo assassinato do seu pai. Além disso, Oliver descobriu que Ruby é filha dele. Isso o tirou realmente do sério. Ele não imaginava como poderia conseguir alguma prova da culpa do sr. Simons, até ele ter a ideia de invadir a sala onde os arquivos ficam guardados na empresa, porém ele não tem acesso à esta sala.
  Ele decide então entrar na sala sem permissão, e espera até a hora do almoço, horário no qual praticamente toda a galeria fica deserta.
  Vasculhando os arquivos, Oliver descobri que além de seu pai e do sr. Simons, havia um terceiro sócio fundador, seu nome era Frederic Leroy. Ele também descobriu que as finanças estavam indo mal, inclusive no período que antecedia a morte de seu pai, entretanto, após a morte de Leonard, as finanças da empresa se recuperam rapidamente.
  No meio dos arquivos, Oliver encontrou duas caixas, em uma havia documentos do seu pai, e na outra caixa, documentos do sr. Simons. Ele queria ler aqueles arquivos, mas foi surpreendido quando o seu supervisor entrou na sala e o encontrou lá. Sem saída, Oliver inventou estar fazendo um relatório para a universidade, sobre o histórico da empresa.
  Ouvindo isto, o supervisor de Oliver decide então ajudá-lo. Ele avisa a Oliver que ele irá encontrar alguém que poderá falar sobre todo o passado da empresa.
  Para total surpresa de Oliver, a pessoa que ele iria visitar, era o sr. Simons. Ele não esperava por isso. Não saberia o que fazer. Após a saída do supervisor da sala, Oliver pega os documentos achados e os leva para guardar em sua mochila.
  Na sala do sr. Simons, Oliver notou que ele não parecia nada mais que um senhor carismático. Porém, não deixou-se esquecer das suspeitas, fazendo com que o sr. Simons contasse sua versão da história. Oliver tinha um brilho no olhar, pois o jogo havia começado.


[10ª Parte] - Passado Londrino -  Segunda, 03/09 às 18h.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

[Parte 9] Passado Londrino - Uma Possível História


  Oliver ainda estava tentando se recobrar do susto, mas não tinha tempo para isto. Ele precisava guardar os arquivos do pai. Não!, pensou ele. Não iria guardar. Ele precisava ler aquilo, e não seria só do seu pai. Apressadamente, Oliver abriu a caixa com os documentos do sr. Simons, retirou a pasta de dentro, juntando com a pasta de seu pai. Fechou a caixa. E saiu disparado para sua mesa, ele iria guardar em sua mochila. Em casa ele leria com calma. Agora ele precisava ri à sala do supervisor.

- Que bom que você não demorou, assim pegamos ele com tempo livre suficiente. Já avisei que você irá falar com ele. - Informou o supervisor assim que Oliver entrou na sala.
- Ah! Bem, me desculpa. Mas de quem você está falando? Quem eu vou visitar? - Perguntou Oliver confuso.
- Como assim quem? - Sorriu o supervisor. - Você precisa saber sobre a fundação da empresa, certo? Então você irá falar com o fundador, o sr. Simons.
- O sr. Simons?! Não! Quero dizer, não precisa incomodá-lo. - Oliver ficou atordoado.
- Que nada Oliver. Ele adorou a ideia de falar com você. Assim, ele poderá te conhecer. Então, vamos logo?

  Mesmo sem nenhuma ação, Oliver seguiu o supervisor em direção ao elevador. A sala do sr. Simons ficava dois andares à cima. Logo eles estavam de frente à porta da sala. Oliver encontrava-se em um estado de transe. Ele não sabia o que falar, o que fazer, como reagir na frente daquele homem. O pânico se espalhava por sua mente. Ele não havia pensado em um encontro desses.
  Ao entrar na sala, Oliver sentiu uma enorme pressão em sua cabeça. Toda aquela situação estava descontrolada. Ele poderia estar fazendo crise à toa. Só teria que agir normalmente. Ele neste momento iria falar com o dono da empresa, seu chefe. Somente isso.

- Oh! Paul, você veio rápido. Este é o garoto que quer conhecer o passado desta humilde empresa? - Sorriu o sr. Simons.
- Sim, sim sr. Simons. Este é Oliver. Bem, vou deixar vocês conversarem a sós. Com licença. - E retirou-se o supervisor.

  O sr. Simons assentiu fazendo um gesto com a cabeça, e dirigindo-se à Oliver, estendeu-lhe a mão e falou:

- Oliver, um belo nome meu rapaz. E seu sobrenome?

  O sr. Simons era um senhor idoso, com uma estatura um pouco baixa e alguns quilos a mais. Ele não parecia uma pessoa ruim, e demonstrara um bom senso de humor. Mas isto não era tudo. Este poderia ser o sr. Simons de agora, mas e quanto ao Vincent Simons de décadas atrás?
  Estendendo sua mão e apertando a do sr. Simons, Oliver respondeu:

- Weitch. Oliver Weitch.

  Ele sentiu o afrouxar do aperto de mãos, e em seguida a mão do sr. Simons soltar-se da dele, repousando em cima da mesa.

- Weitch. Oliver Weitch. Meu jovem, jamais imaginei que iria encontrar o filho de Leonard, muito menos trabalhando nesta empresa. A empresa que um dia foi dele também. Sente-se, por favor. Irei lhe contar a história que deseja saber.


  Oliver sentou-se. Ele sabia de uma boa parte da história. Mesmo que ele tivesse feito grandes hipóteses, sem provas decisivas, e contra o sr. Simons. Mas ele estava querendo saber o que o sr. Simons iria falar, como ele iria contar a história, até qual ponto ele avançaria. Sim, Oliver queria saber disso. Poderia até mesmo jogar com o sr. Simons, tentar fazer com que ele falasse mais do que ele quisesse. Ele daria a perceber que sabia mais da história, assim poderia dominar a conversa.

- Sr. Simons, obrigado por me receber. Eu gostaria sim de saber do passado da empresa e do meu pai também. Eu já sabia que ele foi sócio da empresa, sei de algumas outras coisas também. Mas não quero lhe interromper agora. - Oliver tinha um brilho nos olhos. O jogo tinha começado.