quarta-feira, 14 de setembro de 2011

[Parte 14] Passado Londrino - Segredos Revelados

  Ruby não sentia vontade nem forças para lutar. Ela ainda juntava em sua mente todos os acontecimentos daquele dia. Tudo parecia ter acontecido de forma tão explosiva. Ela via em sua mente o passeio tão feliz e romântico que tivera com Oliver. A tarde no parque havia sido mágica, porém, tudo aquilo tinha sido uma grande mentira, ela fora usada por vingança.

- Oliver, o que você pretende com isso? Você vai me matar?
- Minha linda e doce Ruby. Sinto por ter envolvido você nisso tudo, mas você é o único meio que fará seu pai confessar o crime que cometeu.
- Ele é inocente! Ele jamais mataria alguém. - Ruby continuava a chorar.
- Nisso você está errada. Ele matou o meu pai! Matou para ficar com a empresa, ter dinheiro! Um egoísta! - Gritou Oliver.
- Egoísta?! Você está cego, descontrolado! Você está fazendo uma grande besteira! Será preso, por nada! Lamento ter conhecido você!
- Sinto muito, mas agora é tarde. E seu pai tem que pagar pelo que fez. E saiba que não me arrependo de te conhecer, apenas de ser filha dela.

  Aquilo havia entristecido Oliver. Ele sabia que estava fazendo uma coisa horrível, estava magoando Ruby, a pessoa que ele mais amava. Entretanto, como ele havia falado, "Agora é tarde!", não tinha mais volta. Mesmo com o coração apertado, ele faria o que fosse necessário para obter a confissão do sr. Simons.
  A noite ia se arrastando devagar. Em algum lugar perto da Torre, o sr. Simons dirigia seu carro em alta velocidade, ele queria chegar logo na Torre e acabar com tudo, queria salvar sua filha, salvá-la de um maluco. Ele sabia que o momento da verdade havia chegado. Não poderia mais mentir, não nessas condições.
  Tudo que Oliver queria saber, as respostas que buscava, todas as conclusões feitas, os argumentos arranjados, os documentos roubados, tudo seria esclarecido. Por mais que doesse pensar e ter que relembrar, e mais doloroso contar tudo aquilo para Oliver, na frente de Ruby, ele teria que fazer. Mais algumas ruas à frente, alguns minutos, e logo ele chegaria à Torre.
 E não demorou. Logo o sr. Simons se deparou com a entrada da Torre. Estacionou seu carro em algum lugar e andando o mais rápido que suas pernas aguentavam, entrou na torre, ligando em seguida para Oliver.


- Onde vocês estão? Cadê minha filha? - Perguntou o sr. Simons aflito.
- Ela está comigo no alto da torre. Suba e entre na única porta que estiver aberta. - Oliver desligou em seguindo.


  Logo o sr. Simons começou a subir a escada de pedra de calcário. Enquanto isso, Oliver ainda agarrando Ruby pela cintura, foi até a porta, destrancou e abriu. A subida era difícil para sua idade, mas o sr. Simons conseguiu, e assim que chegou ao topo, viu uma porta aberta. Ele caminhou até lá.
  Em meio a pouca luz que havia no lugar, o sr. Simons viu as silhuetas de Ruby e Oliver agarrado à ela. A visão era ainda mais assustadora quando ele notou atrás do casal a porta que estava aberta, vendo dali o céu de Londres.


- Oliver, por favor, solte-a. Ela não lhe fez nada. - Pediu o sr. Simons.
- Acalme-se, não irei fazer nada. Não ainda. - E Oliver soltou uma leve gargalhada. - E não se aproxime, ou então irei andar mais um pouco para trás. E Ruby virá comigo.
- Não! Não farei isso. Diga o que você quer! - Falou o sr. Simons.
- Simples! Quero a verdade! Quero sua confissão! Confesse que matou meu pai! - Esbravejou Oliver.
- Eu não matei Leonard! - Gritou o sr. Simons. - Não o matei! Mas afinal, isto não é o que você quer ouvir. Então, acalme-se, que eu irei lhe contar toda a história.
- Não me venha com suas mentiras! Quero apenas que confesse! Não tente me enganar! - Retrucou Oliver.
- Não matei ele, mas se lhe satisfaz, eu poderia sim ter feito isso, aliás, eu deveria! Seu pai foi um idiota, mas salvou todos nós. Isto é a verdade.
- Você está tentando me confundir! Você o matou! Isto é o que me importa! - Gritava Oliver.
- Não o matei, e irei contar o que aconteceu! - O sr. Simons agora tinha uma autoridade na voz, que Oliver não ousou contrariar.
- Conte sua história, mas seja sincero, pois em caso falso, será tarde para Ruby. - Informou Oliver.
- Não irei mentir, você mesmo leu documentos que irão confirmar tudo que irei falar. - Mesmo temendo uma atitude brusca de Oliver, o sr. Simons concordou, e começou a falar.


"Após a saída do Frederic, seu pai era o maior acionista e com isso foi a pessoa que mais sofreu quando começaram as crises na empresa. Mas ninguém imaginaria que tudo era culpa de Leonard. Sim, culpa dele, pois o caixa da empresa não rendia, não dava lucro, devia e não pagava. Tudo porque ele estava fazendo retiradas absurdas."
  
  Oliver fez menção em interromper, mas o sr. Simons balançou a cabeça e prosseguiu.


"Eu entendo, isto parece um absurdo ainda maior. Imaginar que um dos fundadores, naquele momento o maior acionista, poderia fazer algo que levaria a empresa à falência, era uma coisa inacreditável. Mas você pode ver nos documentos que roubou as notas que seu pai fez, não viu? (Oliver confirmou com um aceno).
  Quando eu descobri, fui falar com ele, queria explicações. No começo, Leonard não quis falar, fugia sempre do assunto, dizia que a crise era normal em toda empresa e que ele daria um jeito, mas algum tempo depois, a crise era grave demais, ele não conseguia mais controlar, as retiradas também não poderiam mais ser feitas. Então, ele veio até mim com a proposta mais ofensiva. Ele queria comprar minha parte. Não acreditei naquilo. A empresa falindo, e mesmo assim, ele queria minha parte. Quis saber o porquê, e ele me confessou que iria vender a empresa. Eu jamais aceitaria aquilo, mesmo que isto custasse a própria empresa. E ele sabia disso, mas achou que era única saída. Até que um dia, não suportei mais, e fui falar com ele, dizer que o culpado daquilo tudo era ele. E para minha surpresa, o encontrei chorando, agarrado com uma foto da esposa. Nesse momento, ele conseguiu coragem, me contando o motivo que o levou a fazer tudo aquilo."

  Os olhos do sr. Simons estavam cheios de lágrimas, era notável sua emoção. Mas Oliver não aliviou.

- Continue. Sua "história" é muito interessante. Meu pai, um ladrão, roubando a própria empresa, isso não lhe dava o direito de matá-lo. - Falou Oliver.
- Verdade, isto não me dava o direito de matá-lo. Por isso não o matei. - O sr. Simons retrucou, prosseguindo com a história.

"Leonard me contou que Liz continuava doente, cada vez seu caso estava pior, até que ele reencontrou uma amiga, seu nome era Alicia Beemont. Ela era médica, e falou ao seu pai que poderia ajudar no caso de Liz. Porém, ela teria que fazer pesquisas, e isto custaria caro. Ele aceitou. Este fora o motivo que o levou a fazer retiradas absurdas da empresa. O amor dele por sua mãe."

  Oliver recordava dos documentos, o nome de Alicia em notas, valores altos em seu nome. O sr. Simons não teria tido tempo para pensar naquela história. Então, seria mesmo verdade?, O sr. Simons continuou.

"Eu senti a mesma dor que seu pai sentia, perder a empresa ou a esposa. Mas no fim, ele teria que perder os dois. Junto com toda a história, ele me veio com a única saída que ele tinha. Seu pai teria que morrer." 
  A primeira lágrima escorreu dos olhos do sr. Simons.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Os comentários serão avaliados antes de sua publicação, a fim de evitar transtornos posteriores.